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" Um dia, decidi escrever. Sempre o queria ter feito, não estava a fazer nada, ou melhor, nada de jeito, e escrevi. sobre o qu...

Histórias por aí 3

By | 07:52 Leave a Comment

"Um dia, decidi escrever. Sempre o queria ter feito, não estava a fazer nada, ou melhor, nada de jeito, e escrevi. sobre o quê? escrever em si. apesar de ser a primeira vez que o fazia, achava que teria alguma coisa para dizer sobre isso. Na verdade, não tinha. E estava até algo distraído com mensagens enviadas para conversas de grupo, sobre jantares nessa semana. Nada de interessante, o que queria mesmo era uma única mensagem de uma única pessoa. Não insistia no único assunto, pois essa pessoa já tinha dito que não algumas vezes. Mas o que é que podia fazer? Continuava agarrado àquilo. Quando não pensava em nada, pensava nela. e havia demasiado tempo em que não pensava em nada. Mas pensar nela nada de bom trazia, a nossa relação era algo complicada, algures entre uma relação amorosa, empurrada por mim, e uma "importante amizade", puxada por ela. como ela aturava os meus constantes avanços, algo patéticos, sejamos sinceros, não sei. Nunca iria saber, pensava eu nessa altura. não era a única coisa que achava que não iria saber, grande parte envolvendo o passado dela, e o que ela verdadeiramente sentiria por mim. Também não sabia o que queria fazer da vida nessa altura. O secundário acabado, as portas para o mundo real a abrir, e estradas a mais para conseguir escolher sem dar cabo da cabeça, o que me levou a experimentar, tendo começado a escrever. E cá está, o círculo fechado. apesar de ainda achar que tenho de escrever mais, e que quero escrever mais, voltei ao início. em muitos filmes, seria o fim. Mas não queria que fosse, não desta maneira, e continuei a escrever. continuava sem ter assunto. continuava a pensar no que haveria de escrever. depois parava de pensar. e lá vinha ela. conhecia-a demasiado bem. apesar da quantidade de rejeições que já tinha levado, continuava. continuava por sentir que cada vez mais me aproximava do cerne dela, da verdadeira pessoa atrás das inseguranças e barreiras impostas pelo passado. e não iria parar até lá chegar. mas iria ser obrigado a parar por duas semanas. ela não estava cá, longe de tudo e todos, e ia usar esse tempo para lidar com partes do passado que não tinha conseguido antes, e com alguma sorte, descobrir o que realmente sentiria por mim. e eu não me queria intrometer nisso. mas a vontade de mandar mensagem, de ligar para a ouvir, de ir lá para a ver, de a agarrar para a sentir, era enorme. mas eu tinha de aguentar. no mínimo duas semanas, no máximo o resto da vida. e então, escrevi."

ilustracao(instagra): @_danijelaa_

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