Tudo o que já escreveste parece-te em vão comparado com o que tens para escrever e mesmo assim continuas a apagar com esperança de poder escrever mais ou pelo menos escrever algo novo.
Mas nada muda, tu não mudas, as palavras que escrevias diariamente também já não existem. De novo só mesmo o nada em que está a tua mente.
Palavras cruzadas nunca foram a tua escolha mas agora procuras-las na esperança de encontrar algo mais. E é assim que a tua esperança não morre. E quando morrer, se chegar a morrer, tu morres com ela. Aí sim não terás mais palavras em vão para escrever e a tua mente será tão vazia quanto as tuas páginas.
Consegues ver o mundo a continuar, sabes que és só tu que estás parado, que não sabes como continuar a pintar-lo com palavras sofridas ou alegres a que ele estava acostumado.
Já não existem as nuvens que te queimavam o pensamento, que te levavam a queimar folha após folha, noite após noite.
É a paz que sentes e que não sabias que existia que te deixa um sentimento de estranheza. Tens medo de te habituar a ela e de te perder, de perde-la. Sabes de apenas um tema que te deixa seguro mas pede-lo seria como perder a segurança, então preferes nem o escrever. Ele tornou-se na paz que ansiaste durante anos e que agora é estranha porque nunca antes a conheceste. É um temporário que pode ser para sempre se acreditares que sim. E acreditar nem sempre é fácil...
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